Febre


Encosto a febre
às lágrimas da chuva na janela
agora que a sede é mais forte
e os teus lábios se ausentaram

Não quero ninguém por perto
prefiro a impotência de não ser chuva
de não ser pássaro
em direcção àquelas nuvens

Neste semear de gemidos roucos
pressinto o mar que não vejo
a afagar as escamas do meu corpo

A mão não procura a espuma
nem anoiteço

Espero-te para contigo navegar
depois da chuva
depois da febre

*
© Fernando Neto

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