Um dia tirei do fundo das gavetas lembranças que não uso e que não quero mais!
Peguei nas palavras de raiva e de dor que estavam na prateleira de cima da estante, e atirei-as fora!
Recolhi com carinho o amor encontrado, dobrei direitinho os desejos, coloquei perfume na esperança, passei um paninho na prateleira das minhas metas, deixei-as à mostra, para não as perder de vista.
Coloquei nas prateleiras de baixo algumas lembranças da infância, na gaveta de cima as da minha juventude e, pendurado bem à minha frente, coloquei a minha capacidade de amar, e principalmente de recomeçar...
Releio os versos que escrevi,
Mudo os poemas de lugar,
Folheio livros que já li
E sei que ainda há muito para escrever.
Tomo o gosto ao som das palavras,
Tacteio a textura das cores
E viro-me para o papel sem sinais
Onde quero escrever AMOR
Com outras cores e sons.
A espera recomeça
E chega-me o eco das palavras
Que todos já escreveram.
Afinal só falta escrever nada
Ou tudo outra vez
Com a voz a tremer
Porque o poema é o pulsar da alma.
©Fernando Neto
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